IMOBILIÁRIO. 2020 PROMETIA TUDO, AGORA É A INCERTEZA
Os preços dos imóveis usados deverão registar uma descida. Já o produto novo deverá ser mais resiliente às quebras de valor.
Artigos (14-04-2020)
Com o setor do turismo abalado pela pandemia, é previsível que os produtos imobiliários até agora afetos ao alojamento local sejam convertidos em produto para arrendamento de longa duração. A somar, diz Francisco Horta e Costa, a uma possível perda de poder de compra da população, é de prever “uma pressão nos preços no produto usado”, mas nos imóveis novos essa descida de preços será “bastante mais ténue pois os promotores estão bem preparados e não estão disponíveis para fazer descontos e desvalorizar o seu produto”.
De acordo com o índice do Idealista, os preços das casas em Portugal subiram 1,6% nos primeiros três meses de 2020 quando comparado com o trimestre anterior, fixando-se em 2.060 euros por metro quadrado. Já face ao homólogo do ano passado, o aumento foi de 11,4%. Para César Oteiza, diretor geral do Idealista Portugal, “no período em análise, os dados contemplam uma ligeira subida no mercado português, sendo que a partir de agora, assistiremos provavelmente a descidas nos preços da habitação em Portugal, ainda que o cenário após o período de confinamento seja ainda de total incerteza”. Os setores do turismo e do retalho serão potencialmente os mais afetados pela crise derivada da pandemia do novo coronavírus. Eric van Leuven admite “que não é fácil prever quando é que a hotelaria voltará a gerar rendimentos” e o retalho “vai precisar de se reinventar”.
ara o responsável da Cushman, áreas que poderão se diferenciar positivamente são os escritórios e a logística, alavancados até nas alterações de comportamentos de trabalho e de consumo fruto do confinamento das populações. A CBRE defende também que o turismo e o retalho “terão acentuadas consequências e dificilmente recuperáveis até ao final do ano, já nos setores industrial, logística e escritórios prevemos a manutenção de um dinamismo interessante”, embora nos escritórios possa haver uma descida nas rendas, não ultrapassando os 10%.